segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A política da omissão

Por Ellen Augusta
Um dos candidatos que mais teve votos aqui no Rio Grande do Sul é um ferrenho apoiador da pecuária. Foi o terceiro mais votado no RS. As candidatas e candidatos pelos animais, sequer tiveram votos significativos.
O preconceito, machismo, omissão, medo, tomaram conta das cabeças de muitos atuantes e não atuantes da causa animal, que por já terem seu voto comprometido com outras pessoas, por inveja (que é um mal que assola os meios da causa animal, infelizmente), ou simplesmente por não se interessar por política (que é o que interfere diretamente na vida de animais, plantas, de todos neste planeta) impediu de eleger pelo menos um candidato que fosse a favor dos animais.
Sempre digo que o mal se organiza prontamente, o bem espalha-se entre o medo e a omissão.
Presenciei declarações estúpidas de machismo (pois na frente de homem se borram de medo e calam-se. Mas para as candidatas mulheres sobram críticas.), críticas vazias e falta de apoio geral aos poucos candidatos que podem atuar a favor dos animais. Se um integrante da causa não vai votar nesta ou naquele candidato, que pelo menos desse um apoio indireto, mas nada.
As famosas críticas à imagem, cabelo, sexo, partido, nem preciso comentar.
Infelizmente a minoria nunca vota em minoria. E no caso excepcional das mulheres que são maioria absoluta em todo lugar, não votam em mulher. Como podemos constatar em diversos municípios que nunca conseguiram eleger uma mulher. Em alguns lugares atrasados de nosso Estado, elas perguntam ao marido em quem podem votar.
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Em São Leopoldo, a Vanguarda Abolicionista apoiou o manifesto da ProAnimal pelo dia dos animais, e no mesmo dia havia uma carreata do PT.
Carroceiros passaram com suas carroças e seus cavalos demolidos, com adesivos colados na cara do animal, numa total falta de respeito com a dignidade deste animal, que é sem dúvida o mais explorado dos animais, por que além dos maus tratos ele é posto para trabalhar como escravo num regime sem descanso em vários casos.
Enquanto fazíamos a manifestação, que foi brilhante, devido à organização do grupo ProAnimal de São Leopoldo, ficamos conversando de que modo podemos unir forças para ajudar os animais. Pois os grupos de apoio aos animais enfrentam divisões terríveis e isto acaba por prejudicar a causa.
Se um candidato apoia a caça, a rinha de galos, a pecuária, qualquer coisa danosa aos animais, prontamente os apoiadores se unem e o colocam no poder, como é feito há anos no Brasil. O lobby da pecuária, a bancada ruralista, a força é imensa. E os poucos candidatos que colocam a cara a bater neste meio, ficam sem os seus apoiadores, por quê?
A cara do Brasil está mudando lentamente, as pessoas estão se tornando mais politizadas, aos poucos, infelizmente. Fora algumas aberrações, como no Rio de Janeiro, as pessoas estão se tocando de que apoiar o corrupto não faz sentido. Mas ainda estamos longe. Quando algum candidato se coloca como defensor dos animais, ele prontamente causa uma certa reação em algumas pessoas, mas pode atrair muita simpatia.
Mas os candidatos reacionários recebem votos por que a maioria da população entende que a pecuária é um serviço, gera empregos etc, quando na realidade é um negócio de minorias extremamente ricas. As pessoas defendem prontamente a elite rica e grande. Já ouvi gente que é explorada nos meios de comunicação me dizendo que tinha que votar na candidata da tal emissora pois está trabalhando nela. (Trabalhando de domingo a domingo numa cidade totalmente distante e por um salário!). O servilismo ainda existe. Voluntário e aparente.


Texto magnífico da minha amiga Ellen Augusta Valer de Freitas, Bióloga e vegana, que tem um blog fenomenal que vale muito à pena conhecer: http://desobedienciavegana.blogspot.com

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